quinta-feira, 24 de abril de 2008

Impressão Digital, um belo poema de António Gedeão

"Os meus olhos são uns olhos,
e é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo escolhos,
onde outros, com outros olhos,
não vêem escolhos nenhuns.


Quem diz escolhos, diz flores!
De tudo o mesmo se diz!
Onde uns vêem luto e dores,
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz.


Pelas ruas e estradas
onde passa tanta gente,
uns vêem pedras pisadas,
mas outros gnomos e fadas
num halo resplandecente!!


Inútil seguir vizinhos,
querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos!
Onde Sancho vê moinhos,
D.Quixote vê gigantes.


Vê moinhos? São moinhos!
Vê gigantes? São gigantes!"


António Gedeão, in Movimento Perpétuo
boomp3.com

1 comentário:

Francisco Xavier Machado disse...

António Gedeão ou Rómulo de Carvalho, qualquer um gostava de ter conhecido; ter partilhado uma palavra, um entendimento por mais fugaz que fosse, um sinal. É sempre um prazer partilhar os poemas do homem que via a terra em duas dimenções. A física e a "transfísica".