domingo, 24 de outubro de 2010

Entrevista de Luís Capucha no Público

O ensino e formação dos jovens e dos adultos é essencial para o país. Graças a ele o panorama escolar já está a mudar, não só para os que participam, como para as próprias famílias. Há mais gente a valorizar a escola, acredita. Por isso, a INO merece o reconhecimento de todos, diz quem, em tempos, foi operário, trabalhador-estudante e é hoje professor universitário.

Pode ler a entrevista completa aqui

Alguns destaques:

Esse é um dos pontos polémicos. Por exemplo, no processo de RVCC, as pessoas são avaliadas pelo que sabem e não pelo que aprenderam. Concorda?
O acesso à certificação obedece à avaliação daquilo que é o resultado das aprendizagens. Todas as vias oferecidas têm os seus métodos, as suas regras de avaliação que avaliam as competências das pessoas, de carácter mais cognitivo, quer mais operacional, do saber fazer e do saber aprender.
Como?
Os alunos quando obtêm um diploma, esse corresponde às competências que têm. Existem referenciais que estabelecem as áreas de competências que têm que ser possuídas e toda a avaliação de conhecimentos e os júris de certificação garantem que as pessoas possuem essas competências. Há dois grandes indicadores que mostram que as pessoas saem mais capacitadas, preparadas para os desafios: a adesão das empresas à INO e os testemunhos das pessoas.
Um adulto pode chegar com o 6.º ano e sair, em poucos meses, com o 12.º?
Pode acontecer. Há uma ruptura com a lógica de disciplinas, das metodologias de ensino e aprendizagem para uma lógica mais abrangente de evidenciar o que o adulto sabe e integrar a sua experiência. Um autarca com o 6.º ano não tem experiência e competências que lhe permita terminar o secundário? Não tem mais do que um jovem de 18 anos que conclui o secundário? Não vou preocupar-me com o tempo que as pessoas levam a adquirir um certificado. Eu preocupo-me se o mecanismo da avaliação está a ser cumprido com rigor. Quem passar pela INO tem que passar por todos os saberes. Os nossos alunos têm que demonstrar competências.
Nessa crítica está implícita a rapidez com que todo este processo é feito.
O que há a criticar é não ter sido feito antes. Foi feito com rapidez, mas nestas coisas da educação é preciso agir com rapidez. A grande diferença é que as medidas que constam da INO foram tomadas como prioridades pelo Governo e foram associados meios para atingir estes resultados. Os centros RVCC já existiam, assim como o ensino profissional, a formação de adultos... Porque é que não produziam resultados? Porque faltava a prioridade política, os meios e a massa crítica. Com aquele ritmo levaríamos 60 anos, neste momento, são precisos menos de dez anos para convergir com a Europa. Há movimentos que ocorrem numa grande velocidade.
Nessa velocidade não se perde qualidade?
O primeiro pilar da qualidade é a quantidade. Digo-o com toda a convicção. Sabemos que alunos de determinadas vias de ensino aprendem a fazer exames e a tirar notas, mas não sabemos se sabem alguma coisa quando acabam. Isso não acontece com os nossos alunos porque são obrigados a demonstrar competências.
Porque é que não se fez antes esta mudança?
Porque há um factor social muito forte que tem a ver com o valor dos diplomas escolares. São muito valorizados. A democratização de acesso implica verdadeira abertura social e de mobilidade, o que cria pressão junto de determinadas elites que não deixaram de reagir. Há uma democratização mal tolerada do acesso aos diplomas escolares.
Vê com maus olhos a possibilidade de alterar a lei de acesso ao ensino superior por causa do aumento do número de alunos que entram pela INO?
Há pessoas que fazem percursos brilhantes numa modalidade que não lhes dá acesso ao superior e para isso têm que fazer um exame. Se o ensino superior decidir alterar as regras, que faça o que entender. Não vejo que os adultos que entram sejam piores do que os outros e são muito úteis.
Porquê?
Porque o nosso sistema precisa de qualificações, não temos licenciados a mais, são pessoas que fazem um enorme esforço, que dão um enorme contributo. Fico muito satisfeito que os nossos alunos tirem muito boas notas nos exames do secundário.

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